-Acabei de apagar um cigarro na minha pele.
-Onde?
-No tornozelo.
-Doeu?
-Muito.
-E, por que você fez, então?
-Porque, algumas vezes, a dor é a maneira mais precisa de me mostrar que eu ainda vivo.
-E, não tem outras formas?
-Por exemplo?
-O amor.
-O amor só me mostra que eu preciso de alguém. A dor mostra que, apesar de afirmações em contrário, eu ainda sou um homem capaz de sentir as mesmas coisas que todo mundo. E, como você bem sabe, a dor, mais que o amor, é um sentimento universal.
-E, por que você me contou isso?
-Porque você precisa saber que, por mais que eu te ame, você ainda me deixa entorpecido. Entorpecimento é vago e passageiro. Como o amor. E, você sabe, e eu já te disse várias vezes que, amar você é o que mais me faz sofrer. Porque, infelizmente, é unilateral. Além disso, das dores que eu possa ter, eu prefiro as que eu me causo. São mais minhas, sabe?
-É, eu sei. E, sinto muito.
-Não sinta. Eu vou resolver sozinho, apesar de você. Porque eu sempre resolvo sozinho. Apesar de tudo.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
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